quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Amigos

É inevitável. Chega o fim de ano e começo a fazer um balanço do ano, da vida, de tudo e isso inclui amigos.
Como eu mudei muito tenho amigos espalhados por todo canto o que é muito bom, em compensação não tenho amigos de ver sempre, de convivência constante.
Isso não é bom e nem ruim, afinal, mesmo que distante no tempo e no espaço os meus amigos se fazem presentes.
No balanço de fim de ano me deparei a pensar nisso e a pergunta que me ficou foi:

Porque uma pessoa com quem não convivo, que não vejo há anos, me dá tanta alegria no reencontro?

Não é a conversa daquele momento e nem a lembrança de tempos passados.
É uma semente que foi plantada e ainda vive, é saber que o interlocutor é alguém que tem minha confiança, um passo que pode andar a meu lado, um ombro para consolar, uma mão para animar.
E isso não do momento, mas permanente.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Pequenas lembranças

Lendo "A História da Vida Privada" me dei conta que a humanidade só recentemente se apropriou de tantos objetos de lembranças. O homem coletor/caçador por sua característica nômade não tinha condições de guardar lembranças. Objetos sem utilidade prática eram poucos e muito especiais. Mesmo mais recentemente não tínhamos condições de guardar objetos que nos remetiam a lembranças especiais.
Alguns poucos objetos carregados de significado nos acompanhavam por todo uma vida ou até mais, quando guardávamos aquele anel da avó, aquele cachimbo que foi do avô.
Hoje ficou a lembrança desse tempo e uma infinidade de souvenirs, mementos e outros objetos que, por sua quantidade, perderam significados.
Eu, como sou meio nômade, não consigo guardar tantos objetos e já perdi vários nas minhas tantas mudanças.
Por isso, os que tenho não os guardo escondidos dos outros e de mim, ficam ao meu para me trazerem boas lembranças no momento presente. Já perdi objetos que guardara com tanto cuidado que nem os aproveitei.
Essa caixinha fica na minha mesa o tempo todo, ao lado de alguns outros. Se eu a perder não me será perdida as alegrias que me deu.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Dia dos mortos

Nesse domingo eu fui a uma feira no Memorial da América Latina.
O tema era o dia dos mortos, com música latina, comidas típicas e uma exposição sobre o tema com trabalhos de alunos de ETECs e FATECs.
Muito sol, muito calor, pouca sombra. Aliás, porque não há árvores no Memorial da América Latina? Faz muita falta.
A comida estava boa e a exposição era bem simples.
Também vimos uma exposição no salão de criatividade que tinha coisas bem bonitas.
Enfim, não foi assim tão bom mas foi melhor do que ficar em casa vendo televisão.
Foi possível percepção o quanto somos carentes de espaços públicos e ações como essas. O evento lotou apesar do sol e da comida cara.

domingo, 3 de novembro de 2019

Meus caros amigos

O título é o nome de um filme italiano de Mario Monicelli.
https://en.wikipedia.org/wiki/My_Friends_(film)

Eu achei muito divertido à época e ri bastante de todos os esquetes.
Hoje escrevo por causa de um esquete em especial: Um dos amigos tem um caso com um jovem linda, maravilhosa e casada. Ele fica na dúvida, sofre e finalmente resolve contar tudo para o marido que estranhamente aceita tudo com tranquilidade e deixa a esposa ir embora sem criar qualquer empecilho. O namorado fica feliz e quando ia sair, o marido coloca uma condição, levar também os casacos, os sapatos, as contas dos clubes, o chofer, o cachorro....
Ninguém é uma ilha, começar um relacionamento significa se relacionar com as pessoas do entorno, família primeiramente, e depois amigos.
Eu encontrei uma pessoa maravilhosa que me faz muito feliz e que tem também amigos maravilhosos que gostam muito dela, admiram e apreciam sua companhia.
Esses amigos também me acolheram e me fazem muito feliz.
Especialmente porque aprendi a brincar livre!

sábado, 11 de maio de 2019

Rastilho de pólvora

O menino inquieto leu na Enciclopédia Abril, na verdade, num anexo de dois volumes que apresentava as 100 maiores descobertas da humanidade, a fórmula da pólvora: 5 partes de salitre, 3 de enxofre e 1 de carvão. Não foi muito difícil de conseguir carvão e enxofre. O salitre eu consegui numa casa de produtos agropecuários nas férias do interior.

E lá fui eu fazendo pólvora em casa, moendo e pesando cada um dos componentes. Nunca funcionou muito bem.
Nunca consegui fazer uma bomba, o máximo foi um rastilho. Fazer um caminho com a pólvora e fazer explodir um traque de festa junina. Acho que minha carreira de químico acabou com essa frustração.
Uma coisa que me alegra especialmente era fazer um rastilho que desembocasse numa caixa de fósforo. Eu punha fogo numa ponta e observava o caminho até chegar nos fósforos e fazer uma queimação divertida.
Lembro-me disso hoje por causa do meu aniversário. Um amigo manda um parabéns, outro também e outro e outro e assim foi passando o dia, numa explosão de alegria. O rastilho veio de vários caminhos, dos lugares que trabalhei, onde morei, dos amigos que fiz pela vida.
A cada um deles deixo o meu obrigado por manter acesa a alegria da vida.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Relações

Depois de muita informação diferente e das várias tentativas de me explicarem a diferença entre cultura e inteligência e conhecimento, uma definição muito simples para inteligência ficou bem clara para mim: a capacidade de fazer relações.
Isso pode estar distante de cultura ou conhecimento, mas costuma andar junto. Uma pessoa que é capaz de fazer vínculos entre uma coisa e outra é uma pessoa inteligente.
Decorar o conceito de pressão é uma coisa. Saber relacionar a pressão atmosférica que impede o cozinhar de um ovo em altas altitudes com a ideia de motores com turbo-compressores é outra coisa.
E saber fazer relações envolve múltiplos aspectos e desse jeito dá para entender também a ideia de inteligência múltiplas, que eu ainda prefiro entender como inteligência só, mas aplicada à várias áreas.
Saber fazer relações entre sentimentos e ações de um grupo de pessoas é característica de inteligência, assim como fazer as relações entre as pressões.
Um outro tipo de capacidade de fazer relações está intimamente ligada à felicidade, é a capacidade de fazer relações ou vínculos entre pessoas.
Nessa semana recebi dois e-mails de pessoas muito queridas, amigos de longa data com quem ainda mantenho relações, ainda que distantes.
Como eu mudei muito, de emprego, de cidade, de escolas, mantenho amizades com quem é difícil encontrar rotineiramente, às vezes fico muito tempo sem falar com alguns desses amigos e um sentimento de culpa me invade. Só que quando recebo um sinal de fumaça que seja o meu nível de felicidade se eleva.
Fico feliz em saber dos amigos!

Relações

Depois de muita informação diferente e das várias tentativas de me explicarem a diferença entre cultura e inteligência e conhecimento, uma definição muito simples para inteligência ficou bem clara para mim: a capacidade de fazer relações.
Isso pode estar distante de cultura ou conhecimento, mas costuma andar junto. Uma pessoa que é capaz de fazer vínculos entre uma coisa e outra é uma pessoa inteligente.
Decorar o conceito de pressão é uma coisa. Saber relacionar a pressão atmosférica que impede o cozinhar de um ovo em altas altitudes com a ideia de motores com turbo-compressores é outra coisa.
E saber fazer relações envolve múltiplos aspectos e desse jeito dá para entender também a ideia de inteligência múltiplas, que eu ainda prefiro entender como inteligência só, mas aplicada à várias áreas.
Saber fazer relações entre sentimentos e ações de um grupo de pessoas é característica de inteligência, assim como fazer as relações entre as pressões.
Um outro tipo de capacidade de fazer relações está intimamente ligada à felicidade, é a capacidade de fazer relações ou vínculos entre pessoas.
Nessa semana recebi dois e-mails de pessoas muito queridas, amigos de longa data com quem ainda mantenho relações, ainda que distantes.
Como eu mudei muito, de emprego, de cidade, de escolas, mantenho amizades com quem é difícil encontrar rotineiramente, às vezes fico muito tempo sem falar com alguns desses amigos e um sentimento de culpa me invade. Só que quando recebo um sinal de fumaça que seja o meu nível de felicidade se eleva.
Fico feliz em saber dos amigos!

sexta-feira, 1 de março de 2019

Cicloide

Eu estava escrevendo com acento, ciclóide. Do jeito que aprendi na engenharia. Lembro que fiquei tempos olhando as rodas dos carros desenhando cicloides e ouvindo internamente a música do John Lennon: I'm just sitting here watching the wheels go round and round....
A imagem de uma cicloide é muito adequada para esse momento tão peculiar da minha vida. Mostra bem a ideia de ciclos que não se fecham mas que continuam, um após outro e após outro, o eixo continua vinculado à roda e os ciclos seguem.
Acho que é assim minha vida: os ciclos se perpetuam, a vida segue, o eixo está firme em seus princípios e valores e as portas não se fecham, ao mesmo tempo em que as pegadas ficam.
Hoje eu solicitei a minha exoneração da Universidade Federal de Uberlândia, que me acolheu como professor e me deu a oportunidade de conhecer uma nova cidade, fazer novos amigos e atuar como professor, fui muito feliz e sou muito grato.
É um ciclo que se encerra como ciclo, mas não se fecha e interrompe a jornada.
Um outro ciclo se inicia! Vamos a ele!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Discurso Engenharia de Produção


A dúvida ou a certeza?
O nosso cérebro adora a certeza. Do ponto de vista evolutivo a certeza é uma necessidade, nossos ancestrais não se podiam se dar ao luxo de ter dúvidas. O tempo perdido na dúvida era crucial para a decisão. Se nossos ancestrais ficassem na dúvida se era ou não o ataque de um leão, eles teriam sucumbido e nós não estaríamos aqui.
A certeza era essencial, e mesmo hoje a certeza nos mantém em foco e ativos para agir. O problema aparece quando a certeza é fruto de um processo de negação. Pense quantas vezes você se deixou levar por um certeza vã, ou negou um fato para se fixar numa certeza. Esse barulhinho no carro não é nada. Essa dorzinha já vai passar. E por aí vai....
O equilíbrio entre a certeza e a dúvida é difícil de manter. Buscamos a certeza e com isso temos energia para seguir em frente, aceitamos a dúvida e com isso tomamos decisões melhores e mais sábias.
Vocês chegaram aqui por que muitas vezes se ancoraram na certeza e superaram desafios e ao mesmo tempo consideraram a dúvida e tomaram decisões melhores. A dúvida em saber se o estudo de cálculo era suficiente ou não os fez estudar um pouco mais, uma decisão sábia. A certeza de que o tcc seria aprovado faz uma apresentação segura e melhor.
Enfim, vocês sabem se equilibrar entre a certeza e a dúvida. Continuem assim.
Mesmo porque a dúvida é a fonte da criatividade. Se temos certeza de esse ou aquele é a melhor maneira de se resolver um problema, é uma solução ótima local e nos contentamos com isso não buscamos uma nova solução.
Eu espero ter inspirado em vocês um pouco de dúvida e um pouco de certeza e é assim que os incentivo a seguir.
Meu parabéns!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Parafusos, chefes e vazamento

A figura acima é de uma estação de bombeamento, no caso uma estação da Gauff Engineering. Não é uma grande estação de bombeamento e mesmo assim dá para a grande quantidade de parafusos, cada flange tem lá seus seis ou oito parafusos. Todos são possíveis de ter algum vazamento. É muito difícil garantir que não haja nenhum vazamento quanto se inicia a operação de uma estação de bombeamento, as pressões, as movimentações e a dificuldade em verificar se está tudo estanque antes de ligar são os motivos porque ligamos a estação e vamos eliminando os vazamentos que existirem.
Quando eu comecei a trabalhar na Sabesp tive a enorme sorte de estar junto com um grupo fantástico de engenheiros, aprendemos muito juntos.
Um desses meus colegas ficou responsável por montar uma estação de bombeamento, ele é muito inteligente, mas era recém formado e essa foi a sua primeira obra. Um engenheiro mais velho ficava falando que muitos vazamentos iriam aparecer e esse meu colega ficou muito preocupado com isso. Tão preocupado que cuidou dos parafusos um a um, inspecionando e re-inspecionando, mandando apertar e reapertar, mesmo assim o engenheiro velho insistia em falar em vazamento e o meu colega ficava tenso.
Até que chegamos a seguinte conclusão, se vazar seria normal e os avisos do engenheiro velho seriam consequência da experiência, se não vazar seria um 'tapa na cara' do engenheiro velho e um 'gol de placa' do meu colega.
Eu era o responsável por cuidar do fornecimento de energia, o que acabou atrasando porque eu não soube lidar muito bem com as relações da concessionária.
No dia em que consegui efetivar a ligação elétrica a estação foi ligada e... não vazou uma gota.
Meu colega ficou super contente e o engenheiro que vaticinava o vazamento ficou sem palavras.
Eu hoje ainda vejo pessoas mais experientes jogando a responsabilidade em gente mais jovem e apontando problemas comuns como se fossem erros, desvalorizando o aprendizado e se vangloriando da atividade de outros.
Esse engenheiro mais velho acabou se tornando um chefe tartaruga, um exemplo a não ser seguido.
Meu colega construiu uma carreira sólida e de sucesso!