quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Novas palavras em 24 horas

Diz a lenda que ao aprendermos uma nova palavra essa palavra irá surgir uma outra vez em menos de 48 horas.
Parece absurdo, mas funciona assim: Passei 50 anos da minha vida sem saber o que é epigenética. Uma pessoa me fala sobre isso e no dia seguinte eu leio uma notícia no jornal falando sobre....epigenética.
Contraria o senso comum de probabilidade.
A explicação pode estar na percepção seletiva, como não conhecia a palavra ela me passava despercebida, quando a conheço presto mais atenção.
Ao descer na estação Paraíso do metrô resolvi fazer um caminho diferente, só para variar e encontro o seguinte painel.
Não dá para ler na foto, mas é parte dos Lusíadas e justamente a parte de Inês de Castro: "Estava linda Inês posta em sossego...."
Justamente os versos que escolhi para o desafio Muroa no Salto do Cavalo.
Não foram 24 horas, nem uma palavra desconhecida.
Mas que foi interessante, isso foi.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Valer a pena

Nossas ações nem sempre levam a resultados esperados. Muitas vezes conseguimos muito mais do achávamos que iríamos conseguir, e nos felicitamos. Outras tantas o resultado é muito inferior e nos frustamos. Entre os dois extremos pode acontecer de tudo um pouco.
O melhor seria fazermos o melhor que podemos baseados no que julgamos o correto, sem esperar qualquer recompensa, isso é muito difícil.
Em algumas situações o resultado nulo pode até ser o melhor resultado, pense em uma comunidade que adquire um UTI móvel, se nunca for necessária temos o melhor resultado. Mas, se essa UTI móvel salvar uma vida, já estará mais do que paga.
Um professor se alegra mesmo que somente um aluno aprenda. A sensação de dever cumprido e a satisfação de quem aprendeu já vale a pena.
Nesse final de semestre tive duas alegrias assim.
Uma direta, pois uma ex-aluna, da qual tive a honra de orientar o TCC foi aprovada num programa de mestrado de excelência. Ela fez questão de me agradecer. Sei que o mérito é todo dela, e mesmo assim fiquei contente de ter plantado uma sementinha.
Outra sensação de valer a pena foi indireta, participei, mesmo que momentaneamente de um programa de auxílio a alunos em uma disciplina bem difícil. Esse programa envolvia uma série de atividades, inclusive uma tutoria por alunos bolsistas. Lembro-me de ter ensinado aos bolsistas o sentido de "Pegar na mão" dos alunos. Ao final do semestre uma das alunas-bolsistas veio me contar, toda feliz, que um dos alunos que ela 'pegou na mão' foi aprovado. Fiquei igualmente feliz.
Essas pequenas alegrias tornam a nossa vida mais leve.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Banheiros

Voltando para São Paulo me deparei com uma novidade no ônibus: dois banheiros. Um para homens e outro para mulheres. De imediato achei interessante. Depois, com alguma reflexão, achei estranho. Porque dois banheiros?
Porque não um banheiro maior? Porque isso não acontece em outras situações similares, como aviões ou trens, por exemplo.
Se você reclama do aperto em um banheiro de avião é porque nunca preciso usar um banheiro de ônibus no centro-oeste brasileiro.
Não é por uma questão de privacidade, no banheiro do ônibus só cabe uma pessoa por vez.
O motivo de ter dois banheiros é para dar mais conforto às mulheres com um banheiro mais limpo. Mulheres tem um lema ao entrar em banheiros públicos: "Não encosta em nada!". Os banheiros masculinos são mais sujos, homens são mais descuidados, para usar uma palavra delicada.
Eu preferia muito mais se os banheiros fossem comuns e as pessoas mais cuidadosas. Aliás, os banheiros em geral poderiam muito bem ser compartilhados, como é alguns lugares. Podíamos ver com mais simplicidade essa questão e preservar, em qualquer espaço, o respeito e a limpeza.
Podíamos conseguir fazer com a que diferença não faça diferença.

domingo, 26 de novembro de 2017

A lenda do corpo seco

Em Ituiutaba, na verdade em outros lugares também, existe a lenda do corpo seco. Uma mulher tão má que nem a terra a aceitou quando morreu. Depois de algumas horas o corpo saia da cova, sem achar a explicação ou uma solução os bombeiros levaram o corpo para uma caverna longe da cidade e o deixaram lá. Essa caverna fica na serra agora chamada de serra do Corpo Seco. Quem tem a coragem de passar por lá diz ouvir gemidos e lamentos de uma mulher.
Essa é a foto do meu quintal. Ao fundo um pé de limão China (ou Cravo em São Paulo) que ficou seco e morreu. Não ouço lamentos e nem gemidos. Mas fiquei triste.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Amigo Secreto

Está chegando o final do ano e, em muitos lugares, já se começam a fazer a brincadeira de amigo-secreto, ou amigo-invisível, amigo-oculto, como se diz em alguns lugares.
Essa brincadeira é muito boa para unir as pessoas, mas sempre há um risco. Especialmente com diferença que pode haver entre presente dado x presente recebido.
Uma solução para isso é estabelecer um limite para o valor do presente. Às vezes um limite para o valor mínimo e não para o máximo, outras vezes com o limite para uma faixa de valor. Ou então um presente temático, como chocolate por exemplo.
Uma variação é o amigo-da-onça no qual os presentes são sabidamente ruins. Sempre é muito engraçado e ninguém tem nenhuma expectativa.
Outra possibilidade é a que os presentes podem ser trocados, ou ainda escolhidos. Nesse caso se diluí a relação entre presente dado x presente recebido.
Todas essas variações demonstram que há sim uma possibilidade de algum incômodo por conta da variação que pode haver. Na minha pesquisa informal sempre consigo achar alguém que deu um presente bem melhor do que o presente que recebeu, mas nunca o contrário.
A melhor solução que eu conheço é entender o amigo-secreto como uma oportunidade para dar um presente, uma chance de você mostrar a alguém o quanto você o admira e tem a chance de mostrar a essa pessoa um pouco de carinho. E a brincadeira se encerra aí. Receber o presente não está na expectativa.
A brincadeira é dar e não receber.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

De corridas e alegrias, despedidas e até logo

Usain Bolt é o maior corredor de 100 metros da história. Ganhou tudo, bateu todos os recordes e é uma simpatia de pessoa.
Ele se alegra com os feitos, sorri feliz e satisfeito por cada momento de glória. Não economiza alegria e nem poderia ser diferente.
Ele sabe e tem plena consciência de que só conseguiu chegar onde chegou por uma série de condições que não dependiam dele. Se fossem as mesmas condições de pista, sapatilha, nutrição, engenharia do esporte, treinos e outras coisas, será que Jesse Owens não faria tempos melhores? Ou Carl Lewis? Ninguém vai poder responder essa pergunta. Não há como comparar. Mas ele sabe que teve as melhores condições do seu tempo. Isso não diminui em nada seus feitos, não relativiza a sua importância.
Ontem meus alunos fizeram sinceras homenagens que me deixaram muito emocionado. Estou mais feliz do Usain Bolt ao bater um recorde, e sei, assim como ele, que só consegui o que consegui por que tive os melhores alunos, que me receberam com um misto de desafio e confiança, que acreditaram em mim, que me instigaram, que me provocaram e aceitaram minhas provocações. Crescemos juntos.

O ‘muito obrigado’ é recíproco.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A torneirinha do filtro

Como engenheiro de uma companhia de saneamento básico eu confio na água entregue em casa, ou seja, eu bebo água da torneira. Para dar um pouco mais de garantia e retirar alguma impureza eu uso filtros de barro. É assim que gosto da minha água.
Pois a torneirinha do meu filtro quebrou. Sem querer encostei a tampa do grill que estava quente, a torneirinha derreteu um pedaço e, em alguns dias, quebrou. Hoje fiz a troca, coisa simples, aproveitei e fiz uma limpeza do filtro.
A torneirinha antiga era de pressionar uma alavanca superior para liberar a saída da água. A que comprei agora tem a alavanca embaixo, de tal modo que basta pressionar o copo para liberar água.
Isso me fez lembrar um acontecimento trivial de mais de 15 anos.
Minha filha não alcançava a torneirinha do filtro, ela tinha que pedir sempre que quisesse água. Eu a avisei a ela que ia resolver o problema e ela ficou curiosa em saber como. Comprei uma torneirinha de alavanca inferior e a convidei para fazer a troca comigo. Ela acompanhou todos os passos. Desmontar o filtro, retirar a água, retirar a torneirinha velha, limpar o filtro, colocar a torneirinha nova, entender a aplicação da arruela de borracha, montar tudo de novo.
Ela ficou muito contente com o ganho de autonomia, de poder pegar água a qualquer hora e com o entendimento do funcionamento do filtro.
Eu ganhei uma história tola e trivial que me dá um sorriso no rosto e uma saudade gostosa só por trocar a torneirinha do filtro.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Amores líquidos ou afetos sólidos


O afeto é uma manifestação do ânimo, de onde podemos tirar que o afeto só existe quando se manifesta, quando conseguimos apresentar ao destinatário do sentimento o que sentimos. O afeto, portanto, é intangível, acontece pela sua manifestação, mas é totalmente abstrato, já que revela o sentimento.
É da nossa época considerar que há amores líquidos, que se desfazem, escorrem pelas mãos. Eu mesmo já escrevi sobre isso. Porém, assistindo um programa de culinária tive a percepção que os gestos de afeto se materializam em coisas concretas e com isso afeto pode ser sólido como um pão de queijo, ou líquido como um café passado na hora para a visita que acabou de chegar.
O ânimo da felicidade que se tem ao receber uma pessoa querida se materializa no café, no bolinho de chuva, no doce de figo...

Aceita uma cafezinho?

domingo, 4 de junho de 2017

Rótulos

Minha primeira dificuldade com rótulos acho que veio com a música. Não conseguia encaixar as músicas nos rótulos que me eram oferecidos, não demorei a entender que o problema não era eu e sim os rótulos, que limitavam as músicas e os artistas a um estilo. Mais tempo demorei para perceber que os rótulos atendiam à indústria e não à arte. Serviam para facilitar o preconceito.
Depois aprendi a recomendação de Carl Rogers para não etiquetar pessoas lendo “Tornar-se pessoa”.
Se não gosto de rótulos para músicas, menos ainda para pessoas e odeio que tentem impingir um rótulo em mim. Rótulos diminuem a minha liberdade, tentam impedir que eu seja eu por inteiro.
Gosto de coisas que algumas pessoas julgam contraditórias: jogo Bridge e truco; xadrez e futebol; dou risada com os Trapalhões e choro assistindo Casablanca, gosto abotoar todos os botões da camisa e tenho tatuagem; leio quadrinhos e Padre Vieira. Enfim, sou tudo isso e nada isso e algo além. Se você precisa de um rótulo para me entender, desista.
Nem mesmo as classificações da biologia me atendem. Se estamos em constante evolução, não é possível dizer em que ponto eu deixei de ser Homo Erectus para ser Homo Sapiens ou Homo Sapiens Sapiens; nem o quanto tenho Neandertal ou o quanto já sou de algo que ainda não foi classificado.

Quero ser livre para ser o que sou.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Por que continuamos a errar?

Em 1979 Marcelo Rubens Paiva, então com 20 anos, saltou num lago e quebrou a quinta vértebra cervical. Estava numa festa de estudantes. Ficou tetraplégico. Em 1982 escreveu sua história em um livro: Feliz Ano Velho que foi o livro mais vendido na década de 80. Também virou peça de teatro e filme.
Em 2017 um aluno de Ituiutaba saltou em uma piscina numa festa de estudantes e corre o risco de ficar tetraplégico. Não tenho maiores informações sobre o acidente. O que tenho me basta para o questionamento do título.
Não aprendemos nadas em 40 anos?
Os pais desse alunos podem muito bem ter a idade de Marcelo Rubens Paiva e eu nem consigo imaginar a dor que sentem. Será que eles leram o livro?
O que podíamos ter feito e não fizemos? O que ainda podemos fazer?

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Aniversário

No ano passado um sonho se realizou. Comemorei meu aniversário com uma peça de teatro de minha autoria. Foi mágico! Espetacular! Inesquecivel! A carga emocional foi intensa!

Nesse ano, ao contrário. Passei o meu aniversário muito, muito tranquilo. Sereno.

As mensagens no Facebook, e-mails, Skype, Whatsapp e outros foram pipocando e alegrando meu dia. Por estar assim tão sereno resolvi fazer algumas contas.

Recebi mensagens de amigos de São Bernardo, de Botucatu, do Guarujá, de Campinas, de Santa Bárbara d'Oeste, de Darmstadt, de Ituiutaba e tantas outras cidades. Recebi mensagens de amigos, de parentes, de colegas de trabalho, de escola, de faculdade, de alunos, de ex-alunos. Ora, tantas e tantas mensagens que eu não conseguia pensar um jeito de classificá-las.

Nesse instante, uma voz ecoou dentro de mim: Você fica velho e não aprende! Classificar amigos, que absurdo. Desfrute. Fique feliz e demonstre essa felicidade, é tudo que seus amigos desejam!

Então, para todos os que mandaram uma mensagem, ou que se lembraram dessa data, saibam, vocês fizeram o meu dia mais feliz! Obrigado!

terça-feira, 9 de maio de 2017

Calculadora

Eu tenho uma régua de cálculo.
Não, eu nunca usei uma régua de cálculo. Lembro que ao entrar na Escola Técnica ainda se vendiam réguas de cálculo na Coopereti (a lojinha da cooperativa) e que os veteranos usavam réguas de cálculo. Naquela época ter uma calculadora era sinal de status. As calculadoras ficavam presas ao cinto, assim como os primeiros celulares. Não bastava ter uma calculadora era preciso mostrar.
Na escola técnica eu usava uma HP 33E, em parceria com minha irmã. Essa calculadora era uma evolução da HP 25C. A letra C designava que a calculadora tinha memória contínua, ou seja, depois de desligada a programação e os dados armazenados não se perdiam. A minha calculadora (HP 33E) não tinha memória contínua, o que era um tremendo entrave para quem programava na calculadora.
Naquele tempo os usuários de calculadoras se dividiam entre os que gostavam da HP e os que gostavam da Texas, discutia-se com paixão quais as vantagens de uma ou de outra.
Na faculdade, sempre em parceria com minha irmã, recebemos uma calculadora nova, a mais moderna à época, uma HP 15C. A HP fornecia dois modelos de calculadoras, uma científica, a HP 11C e uma financeira, a HP12C, e uma científica mais avançada, a HP15C. A HP 12C é um sucesso até hoje para economistas e administradores. A HP 11C era quase que um fusquinha à época. Só os fortes usavam uma HP 15C.

Eu mergulhei no uso da minha calculadora, sabia todas as funções e as utilizava ao máximo.
Já no penúltimo ano da faculdade, na disciplina de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica, tínhamos que resolver sistemas que se transformavam em uma matriz de 3 x 3 com números complexos. Com o uso da calculadora levávamos mais de 30 minutos resolvendo esse sistema. Eu aprendi como fazer isso com a calculadora e fui para a prova totalmente confiante.
A prova consistia em duas questões, uma questão teórica com valor de 3 pontos e uma questão com o tal sistema que valia 7 pontos. Eu modelei o sistema, pus os dados na calculadora e rodei o programa para o cálculo. Enquanto a calculadora fazia o trabalho bruto eu respondi a questão teórica. Respondi à segunda questão com um número absurdo de casas decimais e fui o primeiro a entregar a prova, para espanto do professor. Minha nota final foi 9,5, por uma bobaginha na questão teórica. O professor veio falar comigo para saber como eu tinha respondido tão rápido e tão correto.
Anos depois, já trabalhando como engenheiro e mesmo com um computador na minha mesa eu não abandonava minha calculadora. Infelizmente houve um roubo no meu lugar de trabalho e minha calculadora se foi.
Na verdade, não me era mais útil, mesmo assim fiquei bem triste. Ainda mais porque não era só minha, era também de minha irmã.
Com o avanço da Internet e dos sites de vendas de produtos usados eu decidi comprar uma calculadora usada. Para minha surpresa, a HP15C virou item de colecionador, poucas à venda no Brasil e caríssimas, mesmo nos Estados Unidos. Eu desisti, minha saudade não era tanto assim.
Nesse mês, no entanto, uma aluna ofereceu no Facebook a calculadora tão sonhada. Ninguém nem sabia usar a calculadora, o fato de não ter um sinal de igual dá um susto em muita gente. Vários fizeram troça oferecendo coisas sem valor, só para fazer graça.
Eu chamei a aluna e expliquei toda a situação e a minha história com essa calculadora. Contei do valor no mercado e do valor para mim.
Ela compreendeu tudo e fechamos um acordo num valor bastante razoável.
Fiquei muito feliz e sou muito grato a essa aluna.
Agora sou novamente proprietário (em conjunto com minha irmã) de uma calculadora de estimação.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Ubuntu e meias

O nome "Ubuntu" deriva do conceito sul africano de mesmo nome, diretamente traduzido como "humanidade com os outros" ou "sou o que sou pelo que nós somos".
"Uma pessoa com Ubuntu está aberta e disponível para outros, apoia os outros, não se sente ameaçada quando outros são capazes e bons, baseada em uma autoconfiança que vem do conhecimento que ele ou ela pertence a algo maior e é diminuída quando os outros são humilhados ou diminuídos, quando os outros são torturados ou oprimidos.”
[Wikipedia]
Eu uso o sistema operacional Ubuntu já faz tempo, e já usava outras distribuições Linux. Mas não uso só Ubuntu, também sou usuário de Windows, Não sou uma aficionado.
Um exemplo que já ouvi várias vezes para explicar o conceito "Ubuntu" é o de uma caixa de chocolates colocada ao pé de uma árvore. Para algumas crianças é dito que aquela que chegar primeiro ficará com os chocolates. As crianças com Ubuntu se dão as mãos e chegam juntas à árvore, repartem os chocolates que pertencem à todas.
Esse exemplo é belo, porém irreal. Todos que o ouvem duvidam da possibilidade disso existir.
Pensei então em um exemplo real. Uma casa com oito irmãos de idades variadas. Com tanta gente tudo é superlativo, comida, bebida, sujeira, roupas. Se cada um usar um par de meias por dia, são 8 pares por dia, 56 pares por semana. Imagine lavar, secar, separar e guardar todas essas meias! Qual meia é de quem?
A solução é um meial, todas as meias lavadas e secas em um cesto comum. Cada um vai ao meial pega a meia que quer usar e pronto.
Isso é Ubuntu!


sexta-feira, 10 de março de 2017

IV e V Turma de Engenharia de Produção - Discurso

Senhoras e senhores, boa noite.
Com o sentimento de elevada gratidão pela lembrança de meu nome, venho hoje falar de limites. A engenharia, como atividade humana, começa pela necessidade de transpor limites. Ao limite do rio, a ponte que o atravessa; ao limite do ar, o avião que o sobrevoa. E assim, surge a engenharia, transpondo limites.
O homem decifra equações, inventa ferramentas e supera os limites que a natureza impõe. Se há o limite da força de um braço, há alavanca que multiplica essa força.
Mas não só os limites da natureza. Os engenheiros são criativos para superar os limites que os outros homens impõem, que a sociedade nos apresenta. Se não é possível fazer desse jeito, façamos de outro.
Nesse sentido um curso de engenharia é uma sequência de limites que o aluno transpõe. Não é mesmo?
Alunos que se forma em engenharia tem que ser criativos nas madrugadas para aprender essa ou aquela matéria.
Depois de formados terão de enfrentar e transpor novos limites.
É o que se apresenta.
Obrigado.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O peru


Acordei outro dia com uma música na cabeça, o que me ocorre com certa frequência e sempre com um motivo. Nem sempre consigo descobrir o motivo. Dessa vez foi fácil.
A música era "Glu, glu, glu, abram alas pro peru..." do poema de Vinícius no disco A Arca de Noé.
E o motivo dessa música se instalar em minha mente foi o fato de ter sido acordado pelo som do peru, tão característico.
Meu vizinho está com um peru, não o vizinho do lado, mas o de uma casa que fica do outro lado do quarteirão, longe o suficiente para que o som do peru não seja tão incômodo e perto o suficiente para ouvir quando se instala o silêncio.
Não me atrapalha, na verdade até gosto.
Comecei a imaginar o que o peru estaria querendo dizer, se está preso ou só engordando para uma festa. Achei que seria mais interessante se eu colocasse um nome e não o chamasse somente de peru. Escolher o nome também foi fácil: Pedro.
E assim caminha a humanidade....

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Meu mamoeiro se foi....


Sem que eu plantasse, desejasse ou tomasse qualquer ação, um mamoeiro brotou bem ao lado da janela da sala.
E eu nem sabia que era um mamoeiro. O jardineiro sugeriu cortar, pois devia ser macho e não dar mamão saboroso. Eu não deixei. Confiei na natureza que me ofereceu sem que eu pedisse.
O mamoeiro cresceu e frutificou. Mamões deliciosos e pequenos. Muito saborosos, de pegar no pé antes que os passarinhos ou morcegos comessem.
Eu sempre gostei de imaginar o mamoeiro como um exemplo daquelas coisas para as quais não temos controle. Não fiz nada, nem de bom, nem de mau. Mesmo assim recebi esse presente. Durante o período de seca do ano passado o mamoeiro parou de dar frutos, mesmo assim cresceu. Com as chuvas, voltou a frutificar, dessa vez bem mais alto.
Com todas as chuvas que caíram recentemente o solo ficou muito mole e o mamoeiro muito alto. Ontem à noite o mamoeiro caiu.
Recolhi os frutos, limpei o terreno e segui com o exemplo que a natureza me deu.
Para certas coisas não temos controle. Devemos ter sabedoria para aceitá-las.



Para minha alegria o novo jardineiro já detectou mais 3 pés de mamão no fundo do quintal. A natureza segue seu ritmo!

domingo, 22 de janeiro de 2017

Vidros, Amores, Líquidos


A figura acima é Falco/Pixabay e mostra uma janela de uma catedral. Coloquei para lembrar de uma questão antiga: O vidro é sólido ou líquido? Dizem que vidros de catedrais antigas apresentam uma espessura maior na base por terem escorrido. Ou seja, se tivéssemos uma câmera que fotografasse o vidro bem lentamente e apresentasse tudo de um só vez, fazendo com que 300 anos passassem em em 30 segundos, veríamos o vidro escorrendo como água.
Essa questão pode ser resolvida com uma busca simples no Google.
Meu ponto é que com uma supervelocidade veríamos as coisas de modo diferente, veríamos o que é sólido como se fosse líquido.
O que remete a um outro ponto.
Não faz muito tempo ganhei de uma pessoa, na certa um pouco brava comigo, o livro "Amor Líquido" de Bauman no qual é apresentada a ideia de que as relações se misturam e se condensam com laços momentâneos, frágeis e volúveis. Num mundo cada vez mais dinâmico, fluído e veloz. Seja real ou virtual.
Talvez as coisas estejam ligadas. Talvez as relações humanas não estejam se tornando líquidas, mas sim estamos vivendo em altíssima velocidade. Perdendo o prazer da caminhada, transformando o que é sólido em líquido.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Eu odeio as segundas-feiras

Meu pai acordava cedo aos domingos, dizia ele que era para aproveitar mais o dia. Eu não o entendia.
Minha mãe considerava o domingo o pior dia da semana e eu também não entendia.
Depois de velho não consigo ficar muito tempo na cama e entendo meu pai, um domingo com coisas prazerosas a fazer deve ser aproveitado integralmente e aí ficar na cama é perda de tempo.
Demorei menos para entender minha mãe, para uma dona de casa o domingo significa mais trabalho e todos em casa demandando coisas, comendo, bebendo, fazendo mais sujeira e bagunça. Desse ponto de vista a segunda-feira é um ótimo dia.
A frase do título do post ficou famosa com o gato Garfield. O que não faz muito sentido, pois o gato não tem que ir para a escola ou um trabalho.

E nós usamos o ódio à segunda-feira do mesmo jeito que o amor pela sexta-feira. Para reforçar a ideia do trabalho como uma obrigação e o fim de semana como diversão pura.

No entanto, quem mais tem horror às segundas-feiras é quem não tem um trabalho para ir e nesse dia tem que enfrentar a realidade de um dia sem uma ocupação.