domingo, 4 de junho de 2017

Rótulos

Minha primeira dificuldade com rótulos acho que veio com a música. Não conseguia encaixar as músicas nos rótulos que me eram oferecidos, não demorei a entender que o problema não era eu e sim os rótulos, que limitavam as músicas e os artistas a um estilo. Mais tempo demorei para perceber que os rótulos atendiam à indústria e não à arte. Serviam para facilitar o preconceito.
Depois aprendi a recomendação de Carl Rogers para não etiquetar pessoas lendo “Tornar-se pessoa”.
Se não gosto de rótulos para músicas, menos ainda para pessoas e odeio que tentem impingir um rótulo em mim. Rótulos diminuem a minha liberdade, tentam impedir que eu seja eu por inteiro.
Gosto de coisas que algumas pessoas julgam contraditórias: jogo Bridge e truco; xadrez e futebol; dou risada com os Trapalhões e choro assistindo Casablanca, gosto abotoar todos os botões da camisa e tenho tatuagem; leio quadrinhos e Padre Vieira. Enfim, sou tudo isso e nada isso e algo além. Se você precisa de um rótulo para me entender, desista.
Nem mesmo as classificações da biologia me atendem. Se estamos em constante evolução, não é possível dizer em que ponto eu deixei de ser Homo Erectus para ser Homo Sapiens ou Homo Sapiens Sapiens; nem o quanto tenho Neandertal ou o quanto já sou de algo que ainda não foi classificado.

Quero ser livre para ser o que sou.