domingo, 12 de março de 2023

Histórias para contar....


 O ano era 1984, o Brasil ainda sob os efeitos da ditadura e da lei de informática que, para proteger a inexistente indústria da computação proíbia importação de computadores. Eu tinha me formado na escola técnica e trabalhava numa start-up, não se usava esse nome naquela época, mas era uma start-up, de informática médica. Engenheiros do setor de informática do InCor se juntaram e fizeram uma empresa para desenvolver equipamentos médicos usando os conhecimentos de informática e micro-eletrônica. Eu era um nada, mas me fascinava usar computadores Apple IIe e estar super ligado em novidades. 

Um dos projetos aprovados foi a informatização do sistema de avaliação cardio respiratória da Escola Paulista de Medicina, na época ligada a UFSCar, hoje UNIFESP. 


O projeto caminhou muito bem e foi feito todo um desenvolvimento para captar o eletrocardiograma e os dados pulmonares em um único computador. Antes os dados eram registrados em papel e o médico tinha que combinar as informações olhando os gráficos.


Nesse projeto eu não fiz nada, a não ser levar o equipamento antes da instalação e ligar os fios. 

E foi isso que eu fiz sob o olhar atento de um médico recém formado, que logo ficou meu amigo.

Instalado o equipamento ele disse que precisava fazer um teste, que ele ia chamar alguém para servir de cobaia. Pra quê! Do alto dos meus dezessete anos eu me prontifiquei imediatamente. Foi assim que eu fui a primeira pessoa a fazer um teste de esforço computadorizado no Brasil!


No ano seguinte eu vi a reportagem da tevê com todos os atletas da seleção brasileira que iria jogar a copa de 1986 passando pelos mesmos equipamentos, coisa que eu me gabava de contar sem despertar o interesse de ninguém.


Semana passada eu fiz o teste de esforço para conseguir a liberação de correr maratonas novamente. Me veio a lembrança da experiência de 30 anos, mas eu não tive a coragem de comentar isso com o médico que me acompanhou.


Ficou só o meu orgulho de uma experiência inovadora.