quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Demolições

 A casa em que morei na cidade de Lins foi demolida.

Uma foto do Google Maps mostra como era em 2011, a estrutura é a mesma e a garagem também. Não me recordo de ser tão aberta na frente, a cor também não era essa.


Os arcos são bem característicos, na rua do lado fica a garagem com um salão em cima, para a minha lembrança de criança era um salão enorme.


Hoje a casa, ou a falta dela, está assim, um terreno baldio. Lá se foi a minha casa em Lins.

Mas não se vão as lembranças.

Foi lá que aprendi a andar de bicicleta, onde tive o meu cachorro Pingo, onde aprendi as primeiras letras, onde fiz uma arte perigosíssima com um círculo de álcool e fogo. Lembro com carinho e alegria dessa casa.

Foi lá que recebi a minha irmã quando nasceu.

As lembranças mais marcantes, no entanto, são as que mais perigo levaram. Foi lá que meu irmão bebeu querosene e que minha irmã se queimou gravemente. Tenho vívidas essas lembranças.


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

É sempre um recomeço

As coisas estão sempre recomeçando, a cada ano, a cada mês, a cada dia, a cada instante.

Eu recomecei várias vezes, a cada início de ano letivo, a cada cidade, a cada emprego...

Mas se fosse para destacar um começo eu destacaria o começo com engenheiro na Sabesp em Botucatu. Começando como engenheiro, como casado, como cidade, como pai.

Esse meu começo também foi o começo de muita gente, a Sabesp de Botucatu tinha acabado de se transformar em superintendência regional e contratou muita gente nova. A equipe de manutenção recebeu quatro engenheiros e dois tecnólogos, eu entre eles.

Assim começou minha vida profissional, num time incrível com uma enorme folha em branco para escrever uma história.

No primeiro Natal e Ano Novo eu fui escalado para o plantão, assim como o Aclísio e combinamos de fazer a festa juntos, foi a primeira vez que comi lichia. Eu ainda nem era casado e ele tinha um filhinho recém nascido. Fizemos uma ceia simples e gostosa na república em que morava. 

No ano seguinte eu já estava casado e tinha mudado para uma casa, a república por provisória já tinha acabado. Aclísio foi morar no mesmo quarteirão.

A vida andou e eu com ela, Aclísio continuou em Botucatu, teve mais um filho, construiu uma casa. Não nos vimos mais, eu o encontrei brevemente numa visita à Botucatu em 2012.

Hoje recebo a notícia que Aclísio se foi, fiquei muito triste e todas as lembranças me vieram como enxurrada.

O dia começa com sol e é um novo recomeço. Para Aclísio gosto de acreditar que há um novo recomço em um novo plano. Vá em paz!

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Dias e mais dias

 Dia do amigo; Dia do Enxadrista; Dia da Trova


É tanto dia para tanta coisa que a gente se perde. Em tempos de redes sociais fica a impressão que tem dia repetido, todo mês tem um dia do amigo e vem as poesias, as músicas, as lembranças inundando as redes e nos culpando por não fazer o mesmo.
Meu pai tem o hábito de ler ao acordar uma folhinha como a da figura. Celebra o dia de alguma coisa e lê o hagiografia do santo do dia.
A repetição é uma necessidade, os dias do ano são só 365, no máximo 366 e os santos são vários, as profissões muitas e não param de crescer (os santos nem tanto).
Em tempos pré-pandemia eu me incomodava com esses dias todos e todas essas celebrações que me pareciam um exagero.
Hoje, depois de tanto tempo de isolamento, sinto falta do convívio e os dias especiais nos motivavam a ações especiais e encontros. Como sinto falta disso.
Que venham dias e mais dias especiais para nos encontrarmos.
Hoje, a motivação foi o aniversário da minha irmã, que não vejo faz tempo demais. Parabéns, Sílvia.


segunda-feira, 19 de abril de 2021

 Eu nem me lembro onde ouvi e com certeza ouvi mais de uma vez de mais de uma fonte com pequenas diferenças.

A vila estava com uma seca terrível (aqui pode-se incrementar e dar riqueza de detalhes, gado morrendo, floresta virando deserto...) e o padre (ou xamã, pajé, rabino, pastor...) convoca o povo para uma reza poderosa no domingo às 5h00 da manhã.

No dia marcado toda a vila na igreja (oca, sinagoga, templo...) o padre chega, olha para o povo e vai embora, dizendo aos gritos:

- Povo de pouca fé, assim não há reza que adiante!

Ao que uma pessoa responde:

- Mas padre, acordamos cedo e viemos em peso aqui, isso não é demonstração de fé?

- Meu filho, se vocês tivessem fé de verdade viriam de guarda-chuvas!

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Outra história parecida eu ouvi na peça "A Alma Imoral", quando soube que a abertura do Mar Vermelho só acontece depois de iniciada a travessia.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Não se espera a chuva para buscar o guarda-chuva. Não se espera o mar abrir para atravessar. Quem abre o mar é quem o atravessa!

 E é assim na vida: acreditamos, fazemos e acontece.

Num momento como o vivemos hoje essa fé é ainda mais importante. É preciso acreditar e fazer acontecer. Está difícil, os sinais são péssimos, mas mesmo assim e até por isso precisamos buscar a fé e prosseguir.

E não prosseguir de maneira pueril ou ingênua, não é abdicar de justiça, mas até para isso é preciso força.

Sigamos! 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Coleções

 Uma coleção é mais do que a soma dos objetos que a compõem.

A coleção até valoriza mais a unidade.

Já faz algum tempo que eu recebi a incumbência de ser guardião de um coleção valiosa: os CDs da minha irmã caçula.

Com um gosto musical apurado e eclético ela foi guardando CDs maravilhosos, muitos deles autografados.

Quando ela se mudou não havia mais espaço para a coleção e eu morava numa casa bem espaçosa. Fiquei feliz, honrado e cheio de reponsabilidade.

De lá para cá minha vida teve um turbilhão de acontecimentos, mudei de cidade duas vezes, de casa três vezes, fiquei nômade por dois períodos e a coleção sob minha estreita responsabilidade.

Finalmente achei um lugar decente para guardar. Ainda falta organizar melhor, talvez catalogar e ordenar, ou melhor de tudo, ouvir.

Estou feliz por ter conseguido manter a coleção depois de tantas mudanças e continuar sendo merecedor da confiança, agora é escolher a melhor trilha sonora, não será fácil...





sábado, 30 de janeiro de 2021

 Ontem fiquei sabendo do tio Jacob. Um tio que me inspirou em muitas coisas. Fiquei lembrando do dia em que o conheci e, percorrendo o caminho da vida, me apercebi que são muitas as lembranças e admirações que ficaram.

Ficou uma tristeza serena, um dor constante misturada com as alegrias que ele me proporcionou.

Não é segredo que o tio Jacob foi minha inspiração para muitas coisas, inclusive a engenharia e a Mauá.

Guardo comigo muitas lembranças alegres e uma lembrança material que releva o cuidado que ele sempre teve com as coisas e ainda mais com as pessoas.

Fiquei lisonjeado quando ele me deu esse presente tão caro.

Vá em paz, Jacob!


A explicação:
Essa é a régua de cálculo que o Jacob usou durante o curso de engenharia na Mauá, dá para ler o número de matrícula, que indica que ele foi da sétima turma. Eu fui da vigésima sexta. A régua de cálculo era o que os engenheiros usavam antes das calculadoras. Eu não cheguei a usar réguas de cálculos. Essa régua de cálculo é alemã e ainda conserva o manual em alemão e uma pequena explicação em alemão, inglês, francês e espanhol.