quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Discurso Engenharia de Produção


A dúvida ou a certeza?
O nosso cérebro adora a certeza. Do ponto de vista evolutivo a certeza é uma necessidade, nossos ancestrais não se podiam se dar ao luxo de ter dúvidas. O tempo perdido na dúvida era crucial para a decisão. Se nossos ancestrais ficassem na dúvida se era ou não o ataque de um leão, eles teriam sucumbido e nós não estaríamos aqui.
A certeza era essencial, e mesmo hoje a certeza nos mantém em foco e ativos para agir. O problema aparece quando a certeza é fruto de um processo de negação. Pense quantas vezes você se deixou levar por um certeza vã, ou negou um fato para se fixar numa certeza. Esse barulhinho no carro não é nada. Essa dorzinha já vai passar. E por aí vai....
O equilíbrio entre a certeza e a dúvida é difícil de manter. Buscamos a certeza e com isso temos energia para seguir em frente, aceitamos a dúvida e com isso tomamos decisões melhores e mais sábias.
Vocês chegaram aqui por que muitas vezes se ancoraram na certeza e superaram desafios e ao mesmo tempo consideraram a dúvida e tomaram decisões melhores. A dúvida em saber se o estudo de cálculo era suficiente ou não os fez estudar um pouco mais, uma decisão sábia. A certeza de que o tcc seria aprovado faz uma apresentação segura e melhor.
Enfim, vocês sabem se equilibrar entre a certeza e a dúvida. Continuem assim.
Mesmo porque a dúvida é a fonte da criatividade. Se temos certeza de esse ou aquele é a melhor maneira de se resolver um problema, é uma solução ótima local e nos contentamos com isso não buscamos uma nova solução.
Eu espero ter inspirado em vocês um pouco de dúvida e um pouco de certeza e é assim que os incentivo a seguir.
Meu parabéns!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Parafusos, chefes e vazamento

A figura acima é de uma estação de bombeamento, no caso uma estação da Gauff Engineering. Não é uma grande estação de bombeamento e mesmo assim dá para a grande quantidade de parafusos, cada flange tem lá seus seis ou oito parafusos. Todos são possíveis de ter algum vazamento. É muito difícil garantir que não haja nenhum vazamento quanto se inicia a operação de uma estação de bombeamento, as pressões, as movimentações e a dificuldade em verificar se está tudo estanque antes de ligar são os motivos porque ligamos a estação e vamos eliminando os vazamentos que existirem.
Quando eu comecei a trabalhar na Sabesp tive a enorme sorte de estar junto com um grupo fantástico de engenheiros, aprendemos muito juntos.
Um desses meus colegas ficou responsável por montar uma estação de bombeamento, ele é muito inteligente, mas era recém formado e essa foi a sua primeira obra. Um engenheiro mais velho ficava falando que muitos vazamentos iriam aparecer e esse meu colega ficou muito preocupado com isso. Tão preocupado que cuidou dos parafusos um a um, inspecionando e re-inspecionando, mandando apertar e reapertar, mesmo assim o engenheiro velho insistia em falar em vazamento e o meu colega ficava tenso.
Até que chegamos a seguinte conclusão, se vazar seria normal e os avisos do engenheiro velho seriam consequência da experiência, se não vazar seria um 'tapa na cara' do engenheiro velho e um 'gol de placa' do meu colega.
Eu era o responsável por cuidar do fornecimento de energia, o que acabou atrasando porque eu não soube lidar muito bem com as relações da concessionária.
No dia em que consegui efetivar a ligação elétrica a estação foi ligada e... não vazou uma gota.
Meu colega ficou super contente e o engenheiro que vaticinava o vazamento ficou sem palavras.
Eu hoje ainda vejo pessoas mais experientes jogando a responsabilidade em gente mais jovem e apontando problemas comuns como se fossem erros, desvalorizando o aprendizado e se vangloriando da atividade de outros.
Esse engenheiro mais velho acabou se tornando um chefe tartaruga, um exemplo a não ser seguido.
Meu colega construiu uma carreira sólida e de sucesso!