terça-feira, 2 de maio de 2023

T. S. Elliot

 "This is the way the world ends
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a bang, but a whimper."

Essa é a estrofe final do poema The hollow men de T.S. Elliot, que eu traduzi livremente para:

Assim acaba o mundo
Assim acaba o mundo
Assim acaba o mundo
Não com uma explosão, mas com um lamento

Aos quinze anos, lendo um livro de piadas de Leon Eliachar, me deparei com o solilóquio de Hamlet em inglês. Por pura vaidade decidi decorar, o que me foi bem fácil. A partir daí era só encontrar uma oportunidade de me exibir para alguma garota. Isso nunca aconteceu, ninguém está interessado em alguém que saiba o solilóquio de Hamlet decorado. Um outro eu acharia impressionante e mais ninguém.

Anos e décadas se passaram... Recentemente, ao jogar "Cards against humanity" me veio o cartão com a estrofe final de um poema de T.S. Elliot sem a última palavra. Um amigo então declamou a estrofe completa.

Quem decora T.S. Elliot?

Um outro eu, por suposto.

Ninguém prestou atenção, nem se deu conta de alguém na roda sabia T. S. Elliot, mas eu sim. Fiquei impressionado e fui pesquisar, li o poema todo, busquei uma intepretação e guardei essa última estrofe na memória.

Agora nem precisou de tanto tempo assim. Assistindo o filme "O império da luz" um dos personagens está matando uma palavra cruzada e pergunta:

- Qual a primeira palavra de Terra Árida?

- Abril. Responde a protagonista do filme.

Aquele mesmo amigo então completa o verso:

April is the cruellest month.

De novo isso passou quase desapercebido. Não por mim!

Fui pesquisar e encontrei o poema cuja primeira estrofe reproduzo aqui:

April is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.

Ainda com muita liberdade, traduzo

Abril é o mais cruel dos meses,
Narcisos germinam na terra morta
Memória e desejo se misturam
Raízes agônicas avivam com a chuva da primavera

Claro que fiquei com um pouco de inveja, quem dera eu fosse o decorador de T.S. Elliot e pudesse me exibir. Aos 15 anos ficaria com muita inveja, hoje a inveja é de longe superada pela alegria de ter amigos que sabem T.S. Elliot e me instigam a aprender mais e mais. 

Obrigado, Filipe.

2 comentários:

  1. Gostei muito, principalmente da reflexão final que demonstra o amadurecimento que adquirimos com o passar do tempo.

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