Minha primeira dificuldade com rótulos acho que veio com a
música. Não conseguia encaixar as músicas nos rótulos que me eram oferecidos,
não demorei a entender que o problema não era eu e sim os rótulos, que
limitavam as músicas e os artistas a um estilo. Mais tempo demorei para
perceber que os rótulos atendiam à indústria e não à arte. Serviam para facilitar o preconceito.
Depois aprendi a recomendação de Carl Rogers para não
etiquetar pessoas lendo “Tornar-se pessoa”.
Se não gosto de rótulos para músicas, menos ainda para
pessoas e odeio que tentem impingir um rótulo em mim. Rótulos diminuem a minha
liberdade, tentam impedir que eu seja eu por inteiro.
Gosto de coisas que algumas pessoas julgam contraditórias:
jogo Bridge e truco; xadrez e futebol; dou risada com os Trapalhões e choro
assistindo Casablanca, gosto abotoar todos os botões da camisa e tenho
tatuagem; leio quadrinhos e Padre Vieira. Enfim, sou tudo isso e nada isso e
algo além. Se você precisa de um rótulo para me entender, desista.
Nem mesmo as classificações da biologia me atendem. Se
estamos em constante evolução, não é possível dizer em que ponto eu deixei de
ser Homo Erectus para ser Homo Sapiens ou Homo Sapiens Sapiens; nem o quanto tenho
Neandertal ou o quanto já sou de algo que ainda não foi classificado.
Quero ser livre para ser o que sou.
Você é um Zelig!!!!
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