Ora essa, toda família tem. Sim. Mas até pouco tempo atrás
eu não tinha ideia da completude que o termo laço tem para as relações
familiares e como algumas relações da minha família são exatamente como laços.
A primeira coisa a dizer é que laços unem, e as relações
familiares nos tornam unidos, estamos juntos e somos um, uma família.
Laços podem ser desfeitos, por isso se diz que tal relação
se tornou “um nó”, no sentido negativo. Pois essa relação já não se pode desfazer,
mesmo que se queira. Um laço não, um laço se desfaz. E pode se desfazer por
vários motivos. Um lado que puxa mais que o outro, as tensões e os movimentos
da vida, os laços vão se esgarçando e se desfazem, sem estrondos, sem arroubos,
se desmancham somente.
Por isso é preciso que os laços sejam sempre reapertados,
refeitos, reajustados às mudanças que o tempo impõe. E assim é na família. Os
familiares precisam se encontram, se abraçam, conversar, demonstrar o carinho
um pelo outro e manter os laços firmes, frouxos ou apertados, mas unidos.
Assim é minha família, que tem a característica muito
gostosa de manter laços longos. Longos na distância física, longos na distância
de parentesco. Minha prima em Londres e minha prima em Maringá estão próximas e
nem são primas no sentido estrito, a prima de mãe é minha prima e não me
importa, estamos unidos.
Laços conseguem dar a sensação de segurança e ao mesmo tempo
de liberdade. Laços longos e múltiplos dão a segurança de um rede, seja de
proteção para pular no trapézio, seja de descanso à sombra de uma mangueira.
Sou feliz e grato por pertencer à uma família com tantos
laços.
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