Nada mais fácil que dar presente para uma criança, qualquer coisa agrada. Quando não, até a caixa pode agradar mais que o brinquedo e ser dermos roupa pelo menos agradamos aos pais.
Com o tempo as coisas vão mudando e vai ficando cada vez mais difícil acerta o presente a ser dado, as pessoas vão conseguindo obter por si mesmas os objetos de desejo e passamos a dar gravatas, lenços, perfumes e finalmente chegamos às meias e por último às meias de lã.
Se a pessoa já conseguiu um nível de vida em que esteja cercada de bens materiais úteis e inúteis ainda podemos dar presentes de caráter espiritual, presentes que busquem a emoção, que resgatem as impressões da infância e adolescência ou de qualquer outro tempo, como um disco raro, daquela música, daquele baile, daquelas lembranças.
A mim muito me agrada receber presentes e fico muito grato com qualquer coisa que receba de dado, desde que não seja roupa, mas sei que vai chegar um tempo em que os presentes para o espírito me agradarão, mesmo porque espero que com a maturidade os bens materiais fiquem cada vez com menos valor.
E quando nem isso mais me agradar, quando meus olhos estiverem tão fracos que eu já não possa ler, que um livro não tenha mais sentido como presente, quando minha memória não possa mais lembrar com clareza de coisas evocadas por sons ou sabores, quando um disco antigo ou um chocolate Chadler não me diga mais nada. Quando eu chegar lá, acho que já estará bom. Penso que esta é uma boa medida: Quero viver até quando eu possa receber presentes.
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