Anteontem fui assistir "A Recaída" no Ateliê Cênico de Filipe Doutel e Victória Camargo (também a atriz que encena o monólogo e está na foto), com direção de Marcelo Braga.
A peça é daquelas que incomoda e nos põe a pensar. Não traz em si nenhuma informação nova, nos coloca como espectadores e no final fica um incômodo do que não fizemos, do que esquecemos, do que permitimos e traz estas questões para o presente: o que não faço hoje, o que me esqueço e o que permito.
Eu tinha um orgulho de pertencer a uma geração que restaurou a democracia no Brasil, que fez a abertura acontecer. A peça me derrubou, o que eu não fiz volta com força e cobrou a vida de milhares.
Uma fala da peça diz: "Perdoar não é esquecer". Só me aliviei e consegui dormir quando completei: "Vingança não é justiça". Foi o que me amenizou.
Ver coisas que eu não vi, com emoção e respeito é o trabalho do artista.
Só tenho a agradecer.