sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Antonico

Eu já nasci com apelido: Tonico.

Não por causa de Tonico e Tinoco (a dupla caipira de muito sucesso), mas sim por causa de Carlos Gomes. Eu sou campineiro, assim como Antônio Carlos Gomes, que tinha o apelido de Tonico. Grande ironia receber o apelido de um dos maiores músicos do Brasil e não conseguir tocar uma campainha sem desafinar.

Tonico é meu apelido desde o nascimento e quase um nome. Na família, é só assim que me chamam; os sobrinhos demoram a descobrir que eu tenho um nome.

Na infância, o bullying vinha pela canção: “Manhê, o Tonico me bateu...”. Isso me chateava um pouco, mas não me fez sofrer por muito tempo.

Mais bonita, e sem provocações, era: “O Antonico vou lhe pedir um favor...”, de Ismael Silva. Com meu nome e meu apelido, é claro que essa canção sempre aparecia na minha vida.

Mais recentemente, um grande amigo fazia questão de sempre me receber cantando essa canção. Era uma alegria. Não a música, mas o amigo. Uma alegria contagiante, daquelas que deixam marcas, que viram lembranças.

Hoje, esse meu amigo se foi. Nunca mais vou ouvi-lo cantarolar Antonico, mas, toda vez que essa canção tocar no rádio ou na minha lembrança, vou recordar a alegria dele.


Antonico
(Ismael Silva)
Oh Antonico, vou lhe pedir um favor
Que só depende da sua boa vontade
É necessário uma viração pro Nestor
Que está vivendo em grande dificuldade
Ele está mesmo dançando na corda bamba
Ele é aquele que na escola de samba
Toca cuíca, toca surdo e tamborim
Faça por ele como se fosse por mim
Até muamba já fizeram pro rapaz
Porque no samba ninguém faz o que ele faz
Mas hei de vê-lo muito bem, se Deus quiser
E agradeço pelo que você fizer