Caminhávamos em direção ao parque no sábado de manhã. Aproveitávamos para conversar de todo e qualquer assunto, na maioria das vezes maledicências que é o nosso esporte preferido.
Ela então pergunta:
- Como é mesmo aquela citação, "Famílias felizes são todas iguais....".
Eu respondi:
- É de Dostoiésvki.
- E quem falou isso? Porque isso me veio à lembrança. - Ela perguntou.
- Foi porque o Felipe repetiu essa citação para fazer o comparativo com países, quando discutíamos sobre as diferenças entre Brasil e Argentina por causa do filme 1985. Ele usou a mesma citação para dizer que países prósperos são todos iguais.
Aproveitamos para comparar nossa felicidade atual com as infelicidades de outros casais e de outras épocas.
Resolvida essa questão, voltamos às maledicências e às críticas aos corredores de final de semana.
"Os que correm bem são todos iguais, os que correm sofrendo, sofrem cada qual à sua maneira." Foi a conclusão sem concluir a que chegamos.
Chegando em casa fui conferir e vi que estava errado. Não é de Dostoiésvki é de Tolstói, em Ana Karenina.
Neste mesmo dia fui almoçar com pais, encontrei minha irmã, meu irmão e minha cunhada. Como sempre um cardápio delicioso, mesmo sendo o dia vegano tivéssemos a exceção de uma rabada muito boa.
Depois da sobremesa, fomos conversar na sala e eu fiz a provovação.
- De quem é a citação: "Todas as famílias felizes são iguais..."
Nem precisei terminar e minha mãe já dizia: "Eu sei, eu sei! Posso falar?"
Meu irmão anuiu e minha mãe cometeu o mesmo erro que houvera cometido. Atribuiu à Dostoiésvki, mas eu nem bem amecei corrigir e ela se corrigiu, informando o livro.
Voltei para a casa e à noite recebo a imagem da minha mãe no celular:
Prefiro ainda uma outra hipótese, convivemos com pessoas com as quais temos afinidade, que vivem os mesmos livros e filmes, as mesmas referências. Tenho amigos que gostam de citar T.S. Elliot e Tolstói, assim como meus familiares.
Sou feliz em ter amigos e família assim.