domingo, 23 de outubro de 2022

O escanteio perfeito

 


Estava numa pizzaria outro dia e vi uma pessoa levemente reconhecida. Deu uma busca rápida no Facebook para ver a foto atual e era mesmo um amigo que não via há 30 anos, talvez. Na mesma hora lembrei do escanteio perfeito que foi o início da amizade.

Contei na mesa onde estava que no primeiro ano de engenharia, portanto 1987, eu vi aquele amigo indo para o canto do campo bater um escanteio e eu, preconceituosamente pensei: a bola não chega na área, ele é muito magro e fraco, não vai conseguir. E então ele bateu o escanteio com perfeição. A bola se afastando do goleiro e caindo na área, na altura do cabeceio. Fiquei impressionado.

Depois do jogo o chamei para conversar, pergutando onde ele tinha jogado, elogiando o posicionamento e a forma de bater na bola. Ele então me contou sobre os Pequeninos do Jockey (https://www.pequeninos.com.br/) e um pouco da sua história.

Foi o início de uma amizade que foi intensa nos dois primeiros anos de engenharia, com o direito a noites em claro para o estudo de cálculo, física e geometria. Regados a muita conversa e cumplicidade. Amizade que foi além da faculdade, foi até nossas casas e alguns passeios na praia.

Depois lembrei que não foi só o escanteio que ficou na memória, também os estudos e até os livros que estava lendo na época: O tempo e o vento. O pai dele estava lendo "Viva o povo brasileiro!", o que me deixou desafiado e me fez ler logo em seguida.

A vida nos levou para caminhos distantes, até que nos encontramos naquela pizzaria. Para lembrar de um tempo passado, de leituras e de um escanteio que perdura na memória.