quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Papai Noel
E eu pareço um Papai Noel?


Na corrida em Iracemápolis eu consegui o meu melhor tempo no ano, 10 km em 53 minutos. Fiz uma corrida ótima, terminei bem e ainda me diverti a valer durante a corrida. Fiquei em sétimo na categoria (tudo bem, tinham somente sete na minha categoria).
Iracemápolis é uma cidade minúscula, pertinho de Limeira e não muito longe de Piracicaba e Santa Bárbara. Sua figura mais ilustre é o Elano, que joga no Grêmio e participou da seleção brasileira em 2010. Aliás, ele foi um dos patrocinadores da corrida.
Os moradores de cidades grandes brincam de chamar Iracemápolis de Munisítio, e teve um prefeito de lá que cogitou a ideia de cercar toda a cidade. Antes da corrida a gente zombava dizendo que não haviam 10 km na cidade.
Pois a corrida foi muito agradável, o povo gentil, corrida plana, bastante água e bem organizada, o que nem foi tão difícil assim pois tinham 55 corredores para os 10K.
Logo na primeira volta eu peguei um copo de água no posto de distribuição, furei com o dedo, bebi um ou dois goles, joguei um pouco na cabeça e joguei o copo no chão, como se faz normalmente.
Uns meninos que estavam na praça, ao me verem fazer isso gritaram:
- Ô papai noel, joga na lixeira!
! E eu pareço um Papai Noel?
Na segunda volta eu fiz o mesmo só não joguei o copo no chão, os meninos começaram a falar:
- A lixeira, a lixeira.
E eu, brincando:
- Aonde? Não vejo.
- Aí, bem em frente.
Assim que eu coloquei o copo na lixeira eles me aplaudiram.
Vejam a foto da corrida, quando eu fazia o retorno dos 5K. Posso parecer qualquer coisa nessa foto horrível, mas um Papai Noel, não.



PS. Tirei a barba.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Até as pedras se encontram - parte III

A viagem de carro de Chicago até Nova York não foi o que eu esperava. É uma parte chata dos EUA, estrada boa, mas nada especial para ver. Viajei bem, dormi nos motéis e consegui chegar até antes do que pensava. Nenhum problema, mas nada de especial.
Acontece que cheguei em Nova York na noite anterior do que esperava, achei um lugar para ficar e na manhã de sexta-feira fui devolver o carro. E o meu calvário começou. Trânsito, alças, viadutos, aeroporto, entrada, saída, gasolina acabando, para no posto, gasta 10 dólares, volta, trânsito, alça, viaduto, aeroporto e lá vai. Pronto. Consegui chegar, devolvo o carro e me sinto mais leve. Ufa!
Do aeroporto de Newark para o hotel eu tenho que pegar um trem até a Newark Penn Station e de lá o metrô. No aeroporto eu vou até a estação e percebo que não tenho trocado :(. Uso meu cartão de crédito para pagar a passagem e consigo chegar na Penn Station. Lembre-se: era sexta-feira de manhã, dia útil. Estação cheia e uma confusão, as máquinas de vender bilhete estavam quebradas, só uma que aceitava moedas. Começo a andar na estação procurando uma solução, saio da estação e tento trocar o dinheiro, não consigo. Pergunto a uma funcionária onde posso comprar bilhetes, ela me informa que as máquinas estão quebradas. Subo na plataforma e vejo guardas, cães e o pessoal tentando consertar as máquinas.
Eu já nem sei o que fazer e começo a circular enquanto penso o que fazer.
Desço uma escada e ouço na escada rolante oposta:
- Álvaro!
Olho e não acredito. Meu ex-aluno Rafael me reconheceu.
Que alívio, foi um anjo que me apareceu, me tranquilizou, explicou sobre os bilhetes, as máquinas, me informou de um caixa eletrônico e tudo foi resolvido.
Foi algo mágico.
Nem sei como agradecer.

PS. No voo de volta encontro outro aluno.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Até as pedras se encontram - parte II

photo by: Cowtown Lutheran

Minha prima está em Londres a tanto tempo que nem me lembro mais. Sei que ela foi para lá em 1986 quando meu tio foi fazer o doutorado. Lá ela ficou.
Minha amiga cantora foi para Londres fazer o mestrado e lá ficou.
Nas vezes em que estive em Londres sempre as visitei e é claro falei de uma para outra. Mas Londres é uma cidade grande, agitada e cada qual tem sua vida, seus compromissos, seus interesses.
Um belo dia recebo duas mensagens, uma de minha prima, outra de minha amiga cantora. Elas finalmente se encontraram e se reconheceram pela minha pessoa.
Eu ainda não sei como elas se reconheceram, minha prima me chama pelo apelido, minha amiga pelo primeiro nome. Imagino o que conversaram, o quanto tiveram que se falar para achar os pontos comuns.
Sei que fiquei feliz com o encontro, quem sabe da próxima ver que for a Londres consigamos estar todos juntos.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Até as pedras se encontram - parte I

photo credit: AA7JC via photopin cc

Meu tio Júlio tinha frases que podem ser classificadas como "Filosofia de Botequim". Uma delas era: "Envelhecer sorrindo." A príncipio pensava na questão de manter a alegria mesmo com as perdas da idade, mesmo com uma dorzinha aqui, uma restrição ali, devíamos manter a alegria e continuar sorrindo. Com um pouquinho mais de profundidade dá para entender como manter sempre o sorriso, já que envelhecemos um pouco a cada dia. A alegria da vida deve ser de todo dia.
Outra frase era: "Até as pedras se encontram." No rio uma pedrinha vai rolando, rolando e acaba por encontrar com outra. Ele sempre dizia isso quando falávamos de conhecidos, de viagens, de parentes distantes.
E isso é a mais pura verdade, até as pedras se encontram.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Delia Elena San Marco*

Nos despedimos no metrô em São Paulo, em um sábado à noite. Você voltava de um concerto e eu iria para casa de minha vó depois de te ouvir cantar. Estávamos de branco e preto, você por uniforme do coral e eu por pura casualidade.
De lados opostos da estação eu brinquei de fazer sinais com os braços, como fazem os marinheiros. Os trens chegaram e interromperam nosso diálogo impossível.
Menos de um ano se passou e nunca mais pude saber se você compreendeu minha brincadeira de sinais.
Hoje, depois de jantar, me pus a ouvir uma gravação sua do Lundu Brasileiro. A música fluiu e então percebi que fluída é a música, é o trem, é a vida.
Mesmo que se grave a música, que se fotografe o trem e que se registre a vida em qualquer meio possível, é a fluidez que marca os momentos que passamos.
A memória daquela despedida não é a despedida, que foi eterna, mas uma lembrança. Só possível pela existência daquele momento. Aquele momento que foi nosso e que agora é só meu na minha memória, que também é fluída.

Não sei se nos encontraremos, no metrô de São Paulo ou no Tube Londrino, se retomaremos aquela lembrança ou deixaremos que a memória daqueles momentos também flua e possamos construir outros.


* Parafraseando J.L. Borges

domingo, 6 de outubro de 2013

Construindo uma boa lembrança

Lembrar bons momentos é uma das coisas mais gostosas da vida.
Para se ter bons momentos no futuro é preciso criar bons momentos agora. Estar disposto a se mover, a fazer algo, a encontrar pessoas, a fazer coisas diferentes...
Daqui 6 dias eu vou correr uma outra maratona.
A preparação não foi tão bem executada, mas estou confiante.
Chicago, lá vou eu!

Essa viagem tem o apoio de Bliss Turismo (http://www.blissturismo.com.br/)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O efeito deletério da impunidade

Muita comoção apareceu nas redes sociais por conta do julgamento dos embargos infringentes pelo Supremo Tribunal Federal, decidido nesta última quarta-feira. Posições à favor e contra, posições baseadas no sentimento de impunidade, ou baseadas nas garantias legais, posições ideológicas, posições políticas e por assim vai. Minha primeira opinião foi de confirmação da previsão de impunidade, mesmo que concorde com os aspectos legais da decisão tomada. Aprofundando o tema percebo que a sensação de impunidade é corrente e não está distante, em Brasília, senão aqui, no meu quarteirão, no meu dia-a-dia. Meu vizinho vai fazer uma reforminha e deixa um monte de areia na calçada, eu tenho que andar na rua. Isso está errado. Mas a quem reclamar, como reclamar, o que fazer? O supermercado do meu bairro coloca um carro de som no sábado as 8h00 da manhã anunciando o preço da laranja e tocando a música da Kelly Key para acabar com um sono mais prolongado no fim de semana. A quem reclamar? Se a impunidade está no meu quarteirão e está em Brasília, está em todo lugar. Grita-se por aumento de pena; redução da maioridade penal; punição exemplar. O problema está mesmo na impunidade. Qualquer reflexão sobre o tema leva à conclusão de que a conduta de uma pessoa está vincula a certeza da punição e não à pena imposta. Pense você mesmo: um aluno cola porque sabe que não vai ser pego (ou tem essa expectativa/certeza), não importa se a punição será grande ou não. Nada adianta a escola baixar um regulamento aplicando expulsão em caso de cola se o professor não fiscaliza. Essa certeza de impunidade leva à total falta de responsabilidade. Meu vizinho não se sente responsável pela obstrução da calçada, nada vai acontecer. O aluno não se responsabiliza pelo aprendizado, basta colar na prova. O político não se responsabiliza pela ética, nada vai acontecer. Só que as pessoas se cansam de tanta impunidade e acabam buscando alternativas, se ninguém faz justiça tudo é permitido. Se meu vizinho coloca areia na calçada, eu levo o meu cachorro para sujar a areia, só por vingança. Essa espiral cresce até as piores consequências pelos motivos mais mesquinhos. Vide mortes por brigas de trânsito. A impunidade tem um efeito deletério no convívio social. Sem punição não há responsabilidade, tudo pode.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

“Na natureza selvagem” (Into the wild, 2007). Recebi essa indicação de minha irmã caçula. Fiquei grudado na tela o tempo todo. É daqueles filmes que a gente fica pensando por horas ou dias. As emoções ficam se repetindo na cabeça como num labirinto e não se resolvem, esvanecem com o tempo. Mais impressionante para mim foi rever minha agenda de 1992. Eu recém-formado, tecnicamente desempregado, sem namorada e inseguro. Fui passar uns dias na casa de minha avó no interior e comecei a planejar uma viagem, juntei o pouco de grana que tinha, fiz meu passaporte e iria para o oeste o quanto pudesse, estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraguay, Bolívia, Equador. O quanto desse. Ainda tenho o trajeto no mapa da agenda. Assim como a cópia do poema de Borges “Labirinto”, cujo verso inicial dá o nome desse blog. Não fiz a viagem. Em vez disso, fiz o concurso da Sabesp, passei e comecei a trabalhar...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dia dos Pais

Ontem foi dia dos pais. E que dia! Nunca escondi que queria ter um filho, fui abençoado com uma filha e sou imensamente feliz por isso. Ensinei a ela o nome das ferramentas, a jogar xadrez, foi divertido. E só não foi em vão por que foi divertido. Nesse dia dos pais ela me deu dois presentes especiais, uma camiseta feita por ela mesma e fomos juntos assistir um jogo de futebol. Na verdade um jogo de futebol americano, na verdade da modalidade “flag” e para ver os Red Necks que perderam gloriosamente por 44 a 6. Pensei em ligar para os meus amigos que são pais e os parabenizar e receber também parabéns, mas não o fiz, fiquei curtindo o meu dia dos pais. Hoje, passada a euforia de um excelente domingo, eu pensei que a minha profissão de professor me faz em uma pequena medida o papel de pai, o papel de ensinar. Tenho colegas que não tem filhos, mas que adotaram vários alunos e sei que alguns desses alunos os tem em alguma medida como pais. Abaixo a letra de “Pai Grande” de Milton Nascimento. Meu pai grande Inda me lembro E que saudade de você Dizendo: eu já criei seu pai Hoje vou criar você Inda tenho muita vida pra viver Meu pai grande Quisera eu ter graça pra contar A história dos guerreiros Trazidos lá do longe Trazidos lá do longe Sem sua paz De minha saudade vem você contar De onde eu vim É bom lembrar Todo homem de verdade Era forte e sem maldade O dia vai O dia vem Todo filho seu Seguindo os passos E um cantinho pra morrer Pra onde eu vim Não vou chorar Já não quero ir mais embora Minha gente é essa agora Se estou aqui Eu trouxe de lá Um amor tão longe de mentiras Quero a quem quiser me amar

sábado, 20 de julho de 2013

Com que roupa...




"Agora vou mudar minha conduta...vou tratar você com força bruta, prá poder me reabilitar..."

Tudo bem, eu realmente preciso ir à luta, as coisas não estão acontecendo e eu preciso dar uma sacudida. A inspiração veio do samba de Noel.
Mas quem eu preciso tratar com força bruta? Quem é o você? Quem vai me reabilitar?
Quem vai me reabilitar sou eu mesmo, mais ninguém. Isso foi fácil.
Quem é o você é mais difícil, se sou eu mesmo que tenho que me reabilitar, sou eu mesmo que tenho me tratar com força bruta? Parece que não. A força bruta não parece ser a receita para mim mesmo.
Será que é somente uma rima? Pode ser.
Prefiro acreditar que é a própria vida.
No mundo adulto eu preciso cavar o mesmo espaço e preciso colocar aí a minha ação. Não esperar que as coisas aconteçam, que os convites cheguem, que as oportunidades venham até mim.
Agora eu vou tratar você com força bruta! Vou atrás dos meus sonhos, bater em mais portas, me expor mais, ouvir "nãos", testar meus limites... agora é a hora.



Com Que Roupa?
Noel Rosa


Agora vou mudar minha conduta
Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bruta
Pra poder me reabilitar

Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Agora eu não ando mais fagueiro
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar
Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
Não consigo ter nem pra gastar

Eu já corri de vento em popa
Mas agora com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Eu hoje estou pulando como sapo
Pra ver se escapo desta praga de urubu
Já estou coberto de farrapo
Eu vou acabar ficando nu

Meu terno já virou estopa
E eu nem sei mais com que roupa
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?




terça-feira, 28 de maio de 2013

Voltas em torno do sol

Fernando Gonzalez - Níquel Náusea - Ano II N. 2 - 1987
O que estamos fazendo senão dar voltas em torno do sol?
Um dia não é diferente de outro dia, e a cada dia ficamos um pouco mais velhos, mais experientes, mais próximos da morte.
Marcar uma data, celebrar uma volta em especial, um dia em detrimento dos demais?
Que sentido faz?
Faz todo o sentido.
Nos dias especiais celebramos a vida.
Celebramos estarmos dando voltas em torno do sol em companhia de outras pessoas a quem queremos bem e que nos querem bem.
75 pessoas mandaram mensagens de parabéns no meu 47º aniversário.
Foi muito bom! Foi especial!
Amigos de vários tempos, de vários momentos. Que me conheceram em diferentes fases de minha vida, que me conheceram com diferentes nomes, mas sempre eu.
A todos meu muito obrigado!
E vamos curtindo o sol...